MARIA PSICOLOGA |
A intervenção ABA direcionada ao
autismo tem o objetivo principal de ensinar comportamentos adequados que
permitam ao autista uma vida independente e integrada à comunidade. Para isso,
os profissionais utilizam métodos especiais de ensino focados no
desenvolvimento da comunicação, habilidades sociais, habilidades de brincar,
habilidades acadêmicas e habilidades de auto-cuidado (Leaf & McEachin,
1999). Também são utilizadas técnicas específicas para lidar com
comportamentos-problema, como birras, necessidade de rotina e padrões
repetitivos de resposta.
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O primeiro passo do tratamento ABA é a realização
de uma avaliação abrangente das habilidades já demonstradas pelo cliente, dos
seus comportamentos inadequados e de sua capacidade de aprender. A ênfase da
avaliação é na descrição de como elementos do ambiente estão relacionados aos
comportamentos exibidos pelo cliente, o que é chamado de análise funcional.
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O passo seguinte é a criação de um plano de trabalho
em que se definem objetivos e prazos para seus cumprimentos. A partir do plano,
ocorre o tratamento propriamente dito.
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Todo o processo terapêutico é minuciosamente
registrado, permitindo que seja constantemente avaliado e que o rearranjo de
situações problemáticas ocorra rapidamente.
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O desenvolvimento de novas habilidades ocorre por
meio de procedimentos graduais de ensino, em que comportamentos complexos são
divididos em suas partes componentes. Cada parte é ensinada individualmente e,
após o estudante dominar todos os passos de ensino, o comportamento como um
todo é sintetizado e generalizado.
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Há quatro tipos mais comuns de procedimento de
ensino:
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Tentativa
Discreta: constituída pelo que é chamado de unidade de
ensino ou, na literatura conceitual analítico-comportamental, contingência de
três termos: o terapeuta arranja os estímulos e faz um pedido (Sd), o estudante
responde com ou sem ajuda (R) e é reforçado por seu sucesso (Sr). Geralmente, a
tentativa discreta é realizada em contexto planejado.
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Aprendizagem
Incidental: o ensino não é planejado. Aproveita-se o
interesse imediato da criança para lhe ensinar habilidades adequadas,
garantindo alto nível de motivação.
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Encadeamento
de Trás para Frente: é utilizado para o ensino de
habilidades de auto-cuidado, como tomar banho, trocar de roupa, escovar os
dentes, etc. Consiste em quebrar comportamentos complexos em pequenos passos e
ensiná-los de trás para frente, de modo que os passos iniciais sirvam de dicas
para o último.
·
segue seu próprio ritmo de trabalho e jamais avança
para tarefas mais complexas antes de apresentar domínio nas mais simples;
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tem pouca probabilidade de cometer erros devido aos
procedimentos de modelagem e de fading out de dicas
dadas pelo terapeuta (o terapeuta inicia ajudando intensamente e retira as
dicas conforme o avanço da criança);
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é constantemente motivado;
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e jamais é criticado por seus erros.
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Para lidar com comportamentos inadequados, são
utilizados os procedimentos de
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Extinção: é utilizada para reduzir a
frequência de comportamentos inadequados, como birras ou respostas violentas.
Nesse procedimento, o reforço da resposta inapropriada é suspenso para que ela
seja enfraquecida e, finalmente, desapareça;
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Esquemas
de reforçamento de respostas incompatíveis ou alternativas: são complementares à extinção.
Além da suspensão do reforçador para respostas inadequadas, nos esquemas de
reforçamento de respostas incompatíveis e alternativas, são programados
reforçadores para comportamentos adequados que substituam as respostas
indesejadas ou que as tornem impossíveis de serem emitidas.
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Quadros
de Rotina: os quadros de rotina servem ao propósito de
ajudar o estudante a compreender o que fará no dia e iniciar a compreensão de
encadeamento e sequenciamento das tarefas e rotina.
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Redirecionamento:
utilizado principalmente com as estereotipias. Consiste em redirecionar o
comportamento repetitivo inadequado por outros semelhantes, mas considerados
adequados.
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O ensino do Comportamento Verbal tem múltiplas
funções. Além de permitir ao estudante se relacionar de forma mais efetiva com
seus familiares e pares, há evidências científicas de que o seu desenvolvimento
está correlacionado com a diminuição da frequência de ocorrência de
comportamentos inadequados.
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A técnica de ensino de linguagem mais efetiva é o
PLN (Paradigma da Linguagem Natural), focada em brincadeiras e interações
sociais constantes que estimulam de forma divertida a emergência da linguagem.
O PLN consiste em incentivar o uso da linguagem durante atividades lúdicas,
inicialmente aceitando qualquer som emitido pela criança e, aos poucos, ajudar
este som a se tornar claro e funcional.
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Além do PLN, procedimentos mais direcionados para o
ensino de nomeação, leitura e conversação são utilizados. Esses procedimentos
envolvem amplo apoio de imagens e interesses das crianças para desenvolver
comunicação.
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Alguns procedimentos de comunicação alternativa são
utilizados como apoio ao ensino do comportamento verbal vocal. O mais comum
deles é o PECS (Picture Exchange Communication System), que ensina os clientes
a se comunicarem por meio da seleção e demonstração de figuras correspondentes
ao que desejam. Em versões mais avançadas, o PECS ensina tatos e formação de
frases (gramática básica).
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Os procedimentos e conceitos
listados acima são combinados para criar programas de aprendizagem cujo objeto
é ensinar a criança diagnosticada com autismo desde comportamentos simples,
como permanecer sentado e responder ao próprio nome, até comportamentos
complexos, como conversação elaborada e leitura fluente. Os programas de
aprendizagem são encadeados de modo que as primeiras lições são base e
pré-requisitos para lições mais refinadas. Os passos de ensino são repetidos
até que o estudante os tenha dominado e esteja pronto para aprender habilidades
mais complexas. Esse tipo de ensino contínuo e em pequenos passos resulta em um
ritmo acelerado de trabalho e em resultados geralmente rápidos.
Além do acompanhamento individual
com a criança, o terapeuta ABA cria estratégias de integração que envolvem os
pais, fonoaudiólogos, educadores (e escola) e instrutores dos clientes
(Sundberg & Partington, 1998; Lovaas, 2002). O objetivo é que a terapia
seja estendida pelo máximo de tempo possível e que todos os responsáveis pela
criança trabalhem de forma coerente e integrada. Duas consequências desse tipo
de integração são que (1) a criança diagnosticada com autismo aprende o dia
todo e (2) tem relações sociais o dia todo, o que favorece o desenvolvimento de
habilidades de comunicação e de relacionamento com o outro.
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