No Laboratório de Visão do Instituto de Psicologia (IP) da USP, a pesquisa da psicóloga Elaine Zachi busca contribuir no campo do diagnóstico, ao verificar se é possível diferenciar o autismo de alto funcionamento da síndrome de Asperger. Para isso, é analisado o desempenho dos pacientes em testes neuropsicológicos computadorizados. Os testes avaliam itens como atenção, memória, raciocínio, planejamento, controle do comportamento e tomada de decisão, e podem ajudar clarear o debate atual entre autores na literatura científica.
O que é autismo
Quatro aspectos fundamentais caracterizam os transtornos do espectro autista: dificuldade intensa na interação social, problemas na comunicação, comportamentos estereotipados e repetitivos e interesses restritos.
Alto funcionamento e Asperger
A separação entre estes dois tipos de autismo ainda não é consenso na ciência. Enquanto uma parte dos pesquisadores acredita não haver diferenças, outra parcela distingue a síndrome de Asperger do autismo de alto funcionamento pelo fato de a primeira não incluir atraso no desenvolvimento da linguagem. Tanto no caso do autismo de alto funcionamento quanto no da síndrome de Asperger, os portadores têm a inteligência preservada, com quoeficientes intelectuais normais ou acima da média - enquanto que nos demais autismos, como o clássico, há retardo mental em gradações variadas.
Tratamento
A importância da diferenciaà §Ã£o dos transtornos é que isto proporcionará mais precisão no encaminhamento dos pacientes, e também melhoria na elaboração de estratégias de tratamento para que eles se desenvolvam nas características em que apresentam dificuldades. “Se colocarmos todos [os pacientes] em um grupo só, podemos deixar de dar uma assistência específica para o que cada um está precisandoâ€, explica a pesquisadora.
Os tratamentos para estes casos incluem, por exemplo, atividades educacionais em grupo, que os ajudam a lidar melhor com interações cotidianas, e terapia com animais, para que os pacientes saibam identificar sentimentos e também expressá-los.
Desde que seus portadores sejam corretamente encaminhados, o autismo de alto funcionamento e o Asperger têm uma boa perspectiva de melhora. “O prognóstico é melhor porque estes pacientes têm uma capacidade intelectual e de comunicação maior do que em outros tipos de autismoâ€, justifica a psicólo ga Elaine Zachi.
Para a pesquisadora, mesmo que a família em geral não receba a notícia de que tem um filho autista de uma maneira muito boa, é importante que ela saiba que os portadores conseguem ter uma vida normal. “Com algumas dificuldades, sim, mas, dependendo do caso, podem ter seu trabalho, casar e serem independentesâ€, completa.
Visão
O Laboratório de Visão, em que Elaine realiza seu pós-doutorado sob coordenação da professora Dora Ventura, é um dos locais que reúne pesquisadores dedicados à neuropsicologia no IP. Esta neurociência olha para o sistema nervoso do ponto de vista do comportamento.
Nas síndromes analisadas, o estudo da percepção visual é importante, pois é uma das áreas afetadas em seus portadores. As alterações incluem a percepção de detalhes muito acurada, enquanto a de aspectos globais é dificultada - e isto pode justificar os comportamentos deles em outros aspectos. â €œSe a pessoa tem uma percepção mais voltada para as partes em uma figura, vai ter uma percepção melhor para o detalhe também no seu dia-a-dia. Então vai deixar de ver contextos globais nas interações com as pessoas, ter dificuldades de compreender os discursos e de se expressarâ€, analisa Elaine.
Em um estudo de outro autor, por exemplo, foi verificado que o portador de Asperger não teve dificuldades no teste de alternação da atenção, enquanto o autismo de alto funcionamento teve. “O que estou fazendo é pegar uma bateria mais completa, com vários testes, de atenção memória e funções executivas, e ver se, baseados nesta gama de testes, podemos traçar um perfil de cada um dos transtornosâ€, esclarece.
Ainda existem poucos estudos na área. As pesquisas mais numerosas do gênero foram feitas com os portadores dos tipos de autismo mais avançados. Se por um lado, o fato de ter a inteligência normal melhora o prognóstico dos pacie ntes com Asperger ou autismo de alto funcionamento, por outro, muitas vezes por isso a presença dos transtornos não é detectada, atrasando a inclusão em terapias. “O indivíduo chega à vida adulta sendo visto como uma pessoa estranha por quem está em volta, com uma fala mais prolixa, mais autocentrada, mas ele não tem o diagnósticoâ€, observa a pesquisadora.
A pesquisadora procura pacientes já diagnosticados com síndrome de Asperger ou autismo de alto funcionamento para participar da pesquisa.
Mais informações: (11) 3091-1914, email elaine-zachi@..., com Elaine Cristina Zachi.
Dra. Simone Pires
DAN! & Medicina Integrativa
São Paulo-SP
F: 11- 3704-7317 / 3704-7318
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